No Paraná, número de mulheres no mercado formal aumentou 17% 02/12/2016 - 10:30

As mulheres aumentaram a participação no mercado de trabalho do Paraná em cinco anos. O número de trabalhadoras com carteira assinada passou de 1,194 milhão para 1,4 milhão entre 2010 e 2015, o que representou um avanço de 17% de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho.

O crescimento das mulheres no mercado foi mais que o dobro do que dos homens. No mesmo período, os homens trabalhando com carteira assinada passaram de 1,59 milhão para 1,71 milhão, evolução de 7,7%.

SALÁRIO MÉDIO - Os dados mostram que entre 2010 e 2015, o salário médio das mulheres no Paraná subiu, sem considerar a inflação, 63,7% - de R$ 1.317 para R$ 2.206 - contra uma evolução, na mesma comparação, de 58,8% dos homens, de R$ 1.656 para R$ 2.629.

“As mulheres, especialmente as mais jovens, têm mais anos de estudo do que os homens, o que tem se refletido em maiores remunerações”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).

Com isso, houve queda na diferença de salários em relação aos homens, apesar de a distância ainda ser expressiva.

Em 2010, os salários dos homens eram, em média, 23% maiores do que das mulheres. No ano passado, essa relação havia caído para 19% no Paraná.

Entre os Estados do Sul e do Sudeste, o Paraná tem hoje a menor disparidade entre os sexos, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.

No Rio Grande do Sul, os homens ganhavam, em média, 21% mais do que as mulheres em 2015. No Espírito Santo, essa proporção era de 22%, Minas Gerais (24%), Rio de Janeiro (24%), São Paulo (24%) e Santa Catarina (26%).

ENSINO SUPERIOR - As mulheres estão estudando mais do que no passado. O número de mulheres com ensino superior no mercado de trabalho no Paraná cresceu 35,9% entre 2010 e 2015, passando de 288.122 para 391.835.

Mas não apenas quem tem ensino superior vem se beneficiando do aumento da remuneração. Quanto mais mulheres forem inseridas em posições de maior escolaridade a tendência é que haja uma valorização também de quem ocupa funções mais básicas, na opinião do economista. “É o que ocorre por exemplo na Europa, onde os empregos de menor escolaridade também são mais bem remunerados por uma questão simples: há menos pessoas disponíveis para fazer esse tipo de serviço”, diz Suzuki Júnior.

ÁREAS QUE LIDERAM - O levantamento do Ipardes com base na Rais também mostra as áreas que lideram a remuneração da mão de obra feminina no Estado. No ano passado, o setor de eletricidade e gás foi a que pagou os maiores salários para as mulheres, com remuneração média de R$ 5.558.

Em segundo lugar ficou a atividade financeira, seguros e serviços relacionados, com R$ 4.519, em terceiro educação (R$ 3.364), em quarto lugar administração pública, defesa e seguridade social (R$ 3.331) e serviços de água, esgoto, atividade de gestão de resíduos e descontaminação na quinta colocação, com com R$ 3.152.

Na outra ponta, os menores salários para as mulheres estão na agricultura, pecuária e produção florestal, pesca e aquicultura, com R$ 1.313; alojamento e alimentação, com R$ 1.251; e serviços domésticos, com R$ 994.

Para Sônia Gurgel, diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), muitas mulheres passaram, nas últimas décadas, a buscar o mercado de trabalho pela necessidade financeira e para sustentar a família.

“Muitos casamentos não se solidificaram e muitas não têm mais o marido como provedor. Com a guarda dos filhos, elas passaram a buscar uma colocação”, diz.

Apesar do crescimento da presença feminina, Sônia explica que também é grande o número de mulheres, especialmente jovens, que estão empreendendo ou buscando uma alternativa de trabalho ou free-lancer com flexibilidade de horários. “Há um movimento de mulheres que tiveram filhos e preferem ficar mais tempo em casa para se dedicar às crianças.”

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Química do Tecpar é exemplo da conquista de novos espaços

As mulheres vêm ganhando espaço em áreas durante muitas décadas dominadas pelos homens, como no setor de aviação, automotivo e na área de pesquisa.

Formada em química e com mestrado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Daniele Cristina Adão, de 34 anos, é um exemplo dessa tendência. Ela comanda, há dois anos, uma equipe de 65 pessoas no centro de tecnologia em saúde e meio ambiente no Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar). O centro faz análise e ensaios de alimentos, potabilidade de água, classificação de efluentes, fertilizantes, embalagens, material odontológico e médico hospitalar, dentre outros. Hoje, da sua equipe, 35 são mulheres.

“Sempre tentei me igualar aos homens. Não tinha serviço de menina e de menino. Se tinha que carregar uma caixa e era pesada, eu arrastava”, diz. Para ela, foi fundamental investir em educação para conquistar espaço no mercado. “A educação é a base de tudo. Se não fossem os anos de estudo não estaria aqui”, afirma.

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